Pelo interior da Guiné...

Olá

Ontem foi um dos dias mais interessantes desde que cheguei a Bissau. A convite do Cristóvão fomos a cidade de Mansoa assistir a uma festa da etnia balanta.

Viajando na caçamba

Um amigo nosso brasileiro nos pegou no hotel de camionete e partimos pra estrada, com direito a viajar na caçamba (bem mais confortável que a camionete de Bubaque). 

O pneu furou na metade do caminho, comoem  toda boa aventura. Quando estávamos perto de Mansoa, entramos por uma estrada de terra e já foi possível ver as pessoas se dirigindo a festa a pé, com garrafas de vinho de caju, crianças a tiracolo e muita alegria. Demos Boléia (carona) a algumas mulheres, as quais muito divertidas ficavam brincando com quem estava no caminho.

Acreditem, há um carro ali atrás

Chegando na festa, logo fomos cercados pelas crianças curiosas com o carro e com os estrangeiros que chegaram, pois assim como o último kussundé que fui, não é um evento para brancos. 




Existia o grupo da dança e música, semelhante a festa já relatada aqui, e outro grupo da luta. Era quase que um judô, onde o objetivo era derrubar o oponente de costas. As crianças era uma atração a parte tocando minha mão com estranheza e curiosidade.

Luta

Uma dificuldade foi que não conseguimos nos comunicar com boa parte deles. Como já explicado, poucas pessoas falam o portugues, e a maioria se concentram em Bissau. A língua mais falada é o Crioulo (kriol), porém, há várias etnias, que se ramificam em outras etnias e falam uma língua própria (acredito ser devido ao fato que a língua vai se modificando com o tempo, e pela falta de carros não há muita troca).

Na capital Bissau, as pessoas não gostam muito que tirem fotos. É compreensível pois há muitos estrangeiros aqui em cooperação que não devem ser muito educados na hora de fotografar, e acabam enchendo o saco mesmo hehe.
Mas na festa, era impressionante o modo como não só as crianças, mas adultos também pediam para tirarmos fotos deles e com eles. Após a foto gostam também de ver como ficou, e isso é uma diversão pra eles.

Galera da luta

 

Me senti muito feliz ontem e é uma realização pessoal estar aqui, aprendendo não só a parte técnica, mas aquilo que não se ensina nas escolas ou na faculdade. Com certeza voltarei outra pessoa ao Brasil, e acho que todos mereciam passar por esse tipo de experiência. Você acaba enxergando as coisas de outra forma, quebra tabus e vê que há muito além de crescer, trabalhar, casar e ter filhos. Que há um mundo lá fora, ao mesmo tempo tão diferente e tão parecido. Eu vejo muito do nosso país aqui. A alegria contagiante do povo que é teimoso de alegre, as danças e a riqueza. Não estou falando de bens materiais, de dinheiro ou o que costuma ser valorizado pela sociedade capitalista, devido a imposição da mídia e pensamentos já formados desde crianças. Estou falando de algo muito maior, e que não tem preço...